Dados extraídos de um trabalho
Elaborado em 1953, pelo General
Kival da Cunha Medeiros.
Reorganizado em 1982, mediante pesquisa feita por
Regina Medeiros Pacheco,
com a colaboração valiosa dos próprios membros da família.
O Desembargador Francisco da Cunha Machado Beltrão, natural de Pernambuco, foi, em época relativamente recente, o fundador da família de seu ilustre nome, no Paraná.
Nascido naquela então Província a 17 de outubro de 1845, era filho do industrial, bacharel Pedro Bezerra de Araújo Beltrão, e de sua mulher Alexandrina da Cunha Machado Pedrosa Beltrão, de tradicionais famílias da aristocrasia rural pernambucana.
Tem a família BELTRÃO raízes profundas nos vários Estados do nordeste do Brasil,porem na ascendência do varão augusto a quem ora prestamos esta homenagem, só encontramos portadores desse apelido até a terceira geração, na pessoa de sua bisavó , dona Maria Carneiro de Souza Beltrão, casada com Laurentino Gomes da Cunha. Não encontramos os nomes dos ascendentes dessa senhora, mas do que fica dito conclui-se ter vindo através de sua pessoa, às posteriores gerações, o nome de que era portadora, uma vez que o seu marido não o possuia.
Ainda subindo pela linha materna da ascendência do Desembargador Beltrão, vamos encontrar, em Pernambuco, a 11ª geração, no casal Domingos Monteiro de Oliveira - Maria Dias Vieira, portugueses naturais do bispado de Porto.
Da "Nobiliarquia Pernambucana", de Borges da Fonseca, à página 76 e seguintes do I volume, transcrevemos para ilustração o seguinte trecho, em o "Título dos Monteiros".
"Esta família, que se tem conservado limpa e se acha hoje ( no século XVIII ) com bastante nobreza e luzimento, teve princípio em Domingos Monteiro de Oliveira, a que acho assinando termo de Irmão de Misericórdia de Olinda a 3 de Junho de 1757 ¹(e dêle consta que era natural de Ancedo, bispado de Porto e filho de Agostinho de Oliveira e de sua mulher Maria Monteiro. Foi casado com Maria Dias Vieira, natural do mesmo bispado do Porto".
Bacharelado em Direito pela Faculdade de Recife em 1869, foi em 1871 para o Paraná como Juiz Municipal de Paranaguá, cargo que sucessivamente exerceu em Curitiba e no Jardim de Ceridó ( Rio Grande do Norte ), para onde o levaram presumivelmente injunções políticas do regime monárquico. E retornando ao Sul do país em 1885, foi Juiz de Direito em várias comarcas dos Estados do Paraná e Santa Catarina, no último dos quais se aposentou como Desembargador do Superior Tribunal de Justiça, em 1897.
Encerrada desse modo a sua carreira na Magistratura, voltou a residir em Curitiba, dedicando-se a advocacia e a política, em virtude de cuja atividade ocupava a cadeira presidencial do Congresso Estadual do Paraná quando sucumbiu vítima de colapso cardiáco, em plena sessão do dia 18 de março de 1903.
Casara-se o Desembargador Francisco Beltrão, em Paranaguá, no ano de 1872, com dona Rosa Branca Correia Gutierrez Beltrão, nascida em Montevidéo a 1º de Janeiro de 1858, falecida em Curitiba a 1º de Novembro de 1920 . Era filha de Dr. Alexandre Gutierrez, uruguaio, natural de Montevidéo, lá falecido a 19 de abril de 1868 como Diretor dos Correios de seu país, de sua mulher dona Guilhermina Correia de Gutierrez, brasileira, natural de Paranaguá, descendente de tradicional família paranaense.
O Dr. Alexandre Gutierrez era filho do médico espanhol Dr. Juan Gutierrez, natural de Andaluzia e de sua mulher, dona Lourença Mujica de família uruguaia, e exercia, ao casar-se no Paraná, o cargo de cônsul de seu país em Paranaguá. Sua Mulher, dona Guilhermina, nascida nessa cidade a 1º de maio de 1837, era filha do Tenente Coronel Manoel Francisco Correia e de sua mulher dona Joaquina Maria de Ascenção Correia, descendente remota do capitão-mor de Paranaguá, João Rodrigues de França, sobre o qual diz Francisco Negrão, no III volume de sua obra "Genealogia Paranaense", página 3, o seguinte, em o "Titulo Rodrigues de França":- "Teve origem esta importante família, no Paraná, no Capitão-Mor de Paranaguá, João Rodrigues de França , que aí casou-se com Francisca Pinheiro. A 19 de Janeiro de 1711, sua Patente de Capitão-Mor foi confirmada por El Rei Dom João V . Faleceu em 1715. Foi o último Lugar-Tenente do Donatário Marquês de Cascais, visto ter este, a 19 de setembro de 1711, feito a venda de sua Capitânia à Coroa, na qualidade de herdeiro de Pedro Lopes de Souza. Donatário a quem fôra feita a doação da Capitânia em 1534".
Conclui-se do que fica dito, estenderem-se a grande profundidade as raízes genuinamente brasileiras das duas importantes famílias que, pelo consòrcio FRANCISCO DA CUNHA MACHADO BELTRÃO - ROSA BRANCA CORREIA GUTIERREZ em 1872, deram origem à atual Família Beltrão do Paraná.
Excluindo os filhos falecidos na infância, aqui deixamos consignada a descendência do casal: